6 efeitos da quarentena e o que fazer para minimizá-los

6 efeitos da quarentena e o que fazer para minimizá-los

Um convite para você olhar mais para o seu interior

Reclusos em casa, lidando com uma pandemia, sem certeza de quando tudo acabará. Por mais que saibamos da importância das medidas, impossível não sentir os efeitos psicológicos da quarentena. Antes de tudo, entenda uma coisa: esse isolamento nos foi forçado sem preparo algum. Logo, é mais do que normal experienciar sensações negativas. E o fato de não termos controle sobre nada piora ainda mais nossas emoções. Batemos um papo com Isa Trindade, psicóloga e terapeuta sistêmica (você pode saber mais do trabalho nela pelo Instagram), que nos ajudou a pensar melhor sobre as dificuldades com as quais estamos lidando.

Quais os 6 principais efeitos psicológicos da quarentena?

São várias decorrências negativas, e Isa nos alerta para a importância de entendê-las da seguinte forma: “esses efeitos são como sintomas, e, como tal, não são os principais problemas. Por exemplo, uma febre pode ser um sintoma, mas ela indica que algo não vai bem, sendo assim, não é o problema principal. Os efeitos da quarentena, então, podem nos dizer que algo não vai bem em nosso interior”. E a grande questão é a seguinte: possivelmente, alguns dilemas já existiam em nós, antes da pandemia. Como, agora, obrigamo-nos a parar, estamos nos ouvindo mais. Então, estranhamos as coisas. Isa aponta: “isso gerou um grande desconhecimento sobre nós mesmos, porque nossa rotina antiga não nos deixava entrar em contato com algumas questões”. Bem, mas quais são esses efeitos, então? Reunimos os principais deles a seguir.

1. Sonhos

Você também tem tido sonhos estranhos? Isa diz que eles ficaram mais movimentados mesmo, a ponto de muita gente não entendê-los. A psicologia os explica de várias formas. Uma delas tem a ver com a necessidade de adaptação a algo novo. Então, ao dormirmos, nosso inconsciente faz um esforço psíquico para isso. Por meio dele, organizamos traumas, angústias e desejos. Também, pode ser uma forma de treinar habilidades e estratégias, que diminuam nossa vulnerabilidade. Mas, com tantos sonhos loucos, será que vale a pena tentar decifrá-los? Isa responde: “eles são cheios de simbologia. É interessante analisá-los, sim. Na terapia, o psicólogo ajuda nesse caminho”.

2. Depressão

Melancolia sem fim e falta de perspectiva? A depressão tem se manifestado em muita gente, principalmente em pessoas que já tinham predisposição a ela. O isolamento e a falta de controle da situação são algumas das explicações para tal. O medo do desconhecido também tem sua culpa, segundo Isa: “temos uma tendência natural a preferir ficar em uma situação que não nos satisfaz, em vez de encarar o novo. Mas a COVID-19 chegou sem pedir licença e nos obrigou a encarar algo desconhecido”. O resultado é uma mistura de pensamentos negativos.

3. Estresse

Quase todos estamos sentindo agitação mental e esgotamento. Alguns, ainda, estão experimentando o estresse pós-traumático. Ele acontece quando vivenciamos situações que colocam em risco nossa vida ou a de pessoas próximas. O medo da contaminação leva a isso, já que estamos lutando pela sobrevivência, de certa forma.

4. Insônia

Você também tem se revirado na cama e demora para adormecer? Isso é resultado da instabilidade emocional, impedindo-nos de relaxar. A consequência é o cansaço durante o dia, já que o sono ajuda a descansar o cérebro e a repor a energia do organismo.

5. Conflitos nas relações

Conflitos na família, principalmente entre os casais, também aumentaram. O motivo? A convivência mais intensa somada ao fato de todos estarem tentando lidar com suas próprias emoções. O resultado é menos paciência nas relações.

6. Ansiedade e compulsões

O desequilíbrio na ansiedade pode se manifestar de diversas formas, como mudanças no apetite (aumento ou diminuição), além do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Esse último pode ser influenciado pela imposição de um maior cuidado com a limpeza, gerando compulsões. Um exemplo é só conseguir se livrar da ansiedade após passar por um ritual intenso de higienização.

Como minimizar esses efeitos?

É possível manter nossa saúde mental ao adotarmos cuidados emocionais na quarentena. As dicas são fáceis e você pode começar hoje mesmo!

Olhar para o interior

Isa sugere, antes de tudo, entender o que está acontecendo: “essa pandemia tem trazido sintomas individuais e coletivos. Isso acaba sendo um convite a olhar para o nosso interior e buscar respostas”. O autoconhecimento é fundamental para que possamos identificar a raiz dos sintomas. Uma psicoterapia consegue ajudar nisso. Essa atividade também nos ajuda a entender o que a experiência causa na gente. Isa até indica um livro interessante, que ajuda a pensar sobre algumas questões: “o nome é ‘Em Busca de Sentido’, de Viktor Frankl. O autor é psiquiatra, judeu e esteve no campo de concentração. No livro, ele analisa o que leva algumas pessoas a ficarem de pé e outras se entregarem à situação”.

Respirar

A respiração também faz diferença, segundo a terapeuta. “Sempre falo em respirar. Para a ansiedade, a respiração é um dos protocolos para evitar crise. Isso acaba sendo um remédio. É só reparar quando estamos ansiosos: respiramos de modo mais curto. Podemos, então, fazer um exercício: em 3 momentos do dia, respirar fundo, puxando e soltando o ar algumas vezes”.

Fazer atividade física

Pode ser um desafio manter a motivação e a disciplina. Porém, mexer-se ajuda a liberar hormônios do bem-estar e da felicidade, essenciais ao nosso humor e estado mental. Quem está de home office, trabalhando muito, também deve tirar um momentinho para agitar o corpo, o que vai ajudar no que diz respeito aos efeitos psicológicos da quarentena.

Aceitar a nova realidade

“Outro cuidado é refletir sobre essa realidade. Tudo isso é real, está acontecendo e não tem para onde fugir. Todos tínhamos planos que precisaram ser cancelados. A postura interna tem que ser a de entender isso. O momento é o de pensar o que faremos agora, em vez de olharmos para o que tínhamos. Assim, não nos tornamos vítimas e evitamos viver numa insatisfação crônica. Quando damos a mão para a realidade, paradoxalmente ganhamos forças para agir,”, recomenda Isa. Ela ainda acrescenta que o ideal é aceitar que não podemos ter controle da situação: “nossa sociedade tem o vício de olhar para o que falta. É uma postura de ilusão, porque queremos controlar a realidade. Ou pior: brigar com o que não controlamos”.

Desconstruir conceitos

Muitas vezes, temos uma visão idealizada sobre a vida. Segundo a terapeuta, é importante desmistificar algumas regras que criamos, principalmente a da felicidade, já que ninguém é feliz 100% do tempo: “um vício humano é querer patologizar tudo. O certo é não estar feliz o tempo todo, não precisamos eliminar a angústia, ela faz parte do momento”.

Tentar manter uma rotina

A rotina é interessante, pois nos mantém ocupados. Criar uma programação diária ajuda a estruturar o tempo, principalmente se houver crianças em casa, e ameniza um pouco os efeitos psicológicos da quarentena. E, se a dificuldade for a falta do que fazer, então anota aí a lista de podcasts brasileiros para acompanhar! Eles são ótimas formas de buscar informações e crescer pessoalmente. Fazer refeições com as pessoas que moram com você também é uma maneira de ter momentos alegres. E que tal aproveitar que vai cozinhar em casa e procurar algumas receitas diferentes e gostosas?

Pensar positivamente

Vale pensar um pouco no futuro, diz Isa: “muitos planos foram desmarcados, inclusive casamentos. Mas pense no depois. Reunir os amigos e a família se tornará algo ainda mais especial. Precisamos nos apegar à ideia de que será melhor quando passar”. Assim, entender que existem algumas mudanças favoráveis também nos ajuda: “eu gosto de pensar que a pandemia não trouxe só esses efeitos negativos, ela também abriu caminho para uma construção positiva lá na frente, para sairmos melhor de toda essa situação”, comenta. Agora, se você sente os efeitos psicológicos da quarentena de modo intenso, não deixe de procurar ajuda especializada, combinado? Isso ajudará você a entender diversas questões sobre si. Por fim, Isa relata: “tem uma frase de Sartre que gosto muito. ‘Não importa o que fizeram de mim, mas sim o que eu faço com o que fizeram de mim’. Esse é o pensamento que precisamos ter, aprender algo com essa nova realidade”. Gostou de saber mais sobre os efeitos psicológicos da quarentena e como se cuidar? Aproveite que está em casa evitando contato social e veja nossa seleção dos melhores podcasts para ouvir durante o isolamento!
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Perfumaria Phebo
Perfumaria Phebo

Em 1930, os primos portugueses Antonio e Mario Santiago fundaram em Belém - no coração da Amazônia - a Phebo, uma perfumaria de altíssima qualidade e com fragrâncias marcantes e originais. O nome Phebo, o deus grego do Sol, foi escolhido para simbolizar o nascimento de uma nova Era da perfumaria brasileira. Com mais de 90 anos de história, a Phebo mantém a sua tradição de inovar com fragrâncias únicas e sofisticadas.

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