A evolução da arte de rua e as transformações nos grandes centros urbanos

A evolução da arte de rua e as transformações nos grandes centros urbanos
Publicado em: Curadoria

Desde o começo dos tempos, a arte tem um papel importante na sociedade. Por meio das imagens e símbolos feitos por nossos antepassados em cavernas, podemos entender a origem da história do homem.

Os povos gregos e romanos já expressavam sua ideologia e questionamento com música, teatro e dança.  Existem registros de artistas imóveis como escultura já na Idade Média. Antes mesmo de existir a prensa, poetas declamavam seus poemas e pensamentos pelas ruas. 

As diversas manifestações artísticas tiveram períodos de maior ou menor repercussão na história, mas o fato é que a arte sempre foi um importantíssimo registro de cada tempo.

As intervenções urbanas no mundo moderno

Por volta dos anos de 1970, a arte urbana voltou à cena de forma expressiva como uma forma de tirar o caráter restritivo dos lugares destinados a exposição da arte clássica – como galerias, museus, teatros – para dar visibilidade a pessoas de todas as classes e mais valor aos espaços públicos.

A arte de rua se apresenta na forma de música, dança, poesia, malabares, palhaço, estátua viva, desenhos... Os temas, em geral, falam de questões humanas, sociais e políticas. Mesmo os passantes mais distraídos não ficam passivos ao colorido de um belo traço ou ao som de uma nota musical. Às vezes provocativa, que muda o cenário em que se apresenta.

Nos últimos tempos, a arte de rua tem ganhado mais valor cultural. E é pelo reconhecimento desse trabalho que muitos artistas de rua conseguiram notoriedade mundial pelas diversas mídias e indústrias.

A versatilidade da arte de rua

Da ilustração

Os grafites, arte que vem tomando cada vez mais as ruas, tem a origem italiana do seu nome ‘graffito’, que significa ‘desenho em parede’. Existem registros desse tipo de arte desde a antiguidade, mas foi na década de 70, nos Estados Unidos, que o grafite ganhou destaque pelo mundo. Ultimamente, os trabalhos em ‘3D’ são os que tem chamado a atenção dos críticos e das pessoas que circulam pelas cidades.

O stencil é um trabalho parecido com o grafite, mas um pouco mais prático. O artista utiliza tinta spray e molde dos desenhos para aplicar seu trabalho em paredes e muros. Já o Ticket Art, ou arte em adesivos, é uma forma mais discreta de intervenção, mas muito presente nas grandes cidades – junto com os cartazes são comuns de serem vistos em postes, praças, muros ou edifícios. Eles dividem esses espaços com os chamados Poemas Urbanos, uma forma de levar a linguagem literária para os locais de grande circulação.

Da música

Em praças e esquinas das grandes cidades do mundo é possível se inebriar com artistas tocando diferentes estilos musicais, como o jazz – ritmo que surgiu nas periferias de Nova Orleans, nos Estados Unidos, e que hoje é reconhecido pela qualidade de seu som.

Da performance corporal

E como não falar nas estátuas vivas. Na Holanda, esse trabalho é tão popular que é realizado o Arnhem Mime Festival, um evento que reúne várias pessoas que atuam como estátuas vivas pelo mundo na cidade de Arnhem.

No Brasil

Por aqui, foi na cidade de São Paulo que as primeiras obras de grafite começaram a chamar a atenção em meio ao tom predominante de cinza do centro urbano. O artista Alex Vallauri é considerado por muitos um dos precursores desse movimento.

Era uma arte marginalizada e sofreu preconceitos. Por conta do destaque que muitos artistas ganharam no mercado das artes internacionais, o grafite foi ganhando respeito e destaque. Hoje, o Brasil é conhecido mundialmente pela sua ‘street art’ – e São Paulo é considerada uma das cidades das mais famosas no mundo da arte urbana. O Beco do Batman, por exemplo, na Vila Madalena, virou ponto turístico superprocurado e um dos mais “instagramáveis”.

Reconhecimento mundial da arte de rua no Brasil

O Guinness Book reconheceu o mural ‘Etnias’, do artista Eduardo Kobra, como o maior grafite do mundo feito por uma equipe. A obra, de 15 metros de altura e 170 metros de largura, retrata indígenas de diferentes etnias pelo mundo.

O muro foi feito para as Olimpíadas do Rio, em 2016, no Boulevard Olímpico, localizado na Praça Mauá, e transformou a região do porto do Rio em ponto de visita obrigatória para turistas. Junto com o Kobra, diversos outros artistas – do Brasil e de fora – contribuíram com o museu a céuaberto que é a região atualmente.  

Além do Kobra, outros artistas brasileiros têm destaque no cenário internacional. Os irmãos Gustavo e Otavio Pandolfo, conhecidos como ‘Os Gêmeos’, começaram a carreira nos anos 80 e tem obras em países como Espanha, Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha – além de se aventurarem também em outras plataformas, como pintura e escultura.

O artista Nunca já expos seu trabalho na famosa Tate Modern, em Londres. Nomes como Onesto, Zezão, Crânio, Nick Alive, Binho, entre outros saíram do Brasil para conquistar importantes galerias pelo mundo. E, recentemente, o artista brasileiro Vik Muniz produziu um mosaico com cerca de 30 personagens em tamanho natural que mostra a diversidade humana da cidade de Nova Iorque. A obra em cerâmica, batizada de Perfect Strangers, fica na estação da Second Avenue com a 72nd street, na nova linha de metrô da cidade.

Presença feminina

As mulheres também têm destaque nesse universo! Nomes como a paulista Nina Pandolfo e a carioca Panmela Castro, conhecida como Anarkia Boladona, já deixaram a marca de seu trabalho por países como Alemanha, Estados Unidos, Suécia e França.

Nina tem ilustrações delicadas e fez história ao pintar um castelo na Escócia junto com os Gêmeos e Nunca. Anarkia levanta questões do universo feminino em seu grafite através do projeto “Grafite contra Violência Doméstica”.

Como a arte de rua transforma a cena urbana

Inclusão social é um importante papel desse tipo de trabalho. Muitos desses artistas fazem trabalhos com jovens e crianças em comunidades mais pobres como uma forma de estimular estes grupos a construir um futuro melhor e criar arte e beleza na região onde vivem.

Desde o ano 2000, o artista africano Siphiwe Ngwenya desenvolve o projeto Maboneng – Township Arts Experience, que se propõe a transformar uma township, áreas subdesenvolvidas dos grandes centros urbanos da África, em galeria de arte a céu aberto – casas viram galerias e as ruas, o palco para performances de música e dança. O projeto já passou pela periferia de Joanesburgo e da Cidade do Cabo.

https://vimeo.com/226902745

Em São Paulo, as ruas estreitas do Beco do Batman, na Vila Madalena, viraram uma verdadeira galeria de arte. O espaço teve sua trajetória construída a partir da década de 1980, quando foi encontrado em uma parede do bairro um desenho do Batman. O acontecimento atraiu estudantes de artes plásticas, que começaram a fazer desenhos nas paredes do Beco e, hoje, o local é um ponto turístico muito procurado e movimentado da cidade.

A Zona Portuária do Rio é outro lugar que teve todo seu espaço urbano revitalizado. Começou com um projeto da prefeitura da cidade para os Jogos Olímpicos e hoje se estende à visitações guiadas ou livres para apreciar os grafites. O local antes esquecido pelos moradores, hoje recebe visitas do mundo inteiro.

O reconhecimento de grandes marcas

Algumas marcas tradicionais e de luxo têm se conectado com artistas urbanos e se envolvido cada vez mais no universo da arte de rua. A fábrica de relógios suíça Richard Mille, por exemplo, contratou o grafiteiro francês conhecido como Kongo para personalizar um relógio com preço de mercado perto do milhão de dólar.

O mesmo artista francês também já assinou itens de desejo de outras grandes marcas, como Hermés. Assim como a tradicional Louis Vuitton já firmou parcerias com artistas como Irmãos Campana e Os Gêmeos.

Na edição 2019 da feira de arte Art Rio, o maior encontro de arte da cidade, a Perfumaria Phebo firmou uma parceria com o artista de rua Pandro Nobã para grafitar o contêiner loja da marca no evento, além de personalizar ecobags de acordo com as preferências de cada cliente.

No Cine Out Jazz, evento cultural que resgata as raízes urbanas do jazz, a Phebo aposta novamente na arte para a interação do público. “A Perfumaria Phebo tem tradição de apoiar eventos culturais. Nosso maior ganho é na relação afetiva do cliente com a marca”, diz Higo Lopes, gerente de marketing da Phebo. 

Dessa vez, além de contar novamente com a presença do Pandro, os instrumentos musicais terão destaque na participação da marca no evento.

Cine Out Jazz

De 18 a 20 de outubro: confira toda a programação aqui

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Perfumaria Phebo
Perfumaria Phebo

Em 1930, os primos portugueses Antonio e Mario Santiago fundaram em Belém - no coração da Amazônia - a Phebo, uma perfumaria de altíssima qualidade e com fragrâncias marcantes e originais. O nome Phebo, o deus grego do Sol, foi escolhido para simbolizar o nascimento de uma nova Era da perfumaria brasileira. Com mais de 90 anos de história, a Phebo mantém a sua tradição de inovar com fragrâncias únicas e sofisticadas.

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